terça-feira, 31 de março de 2009

Incompreensão e Fidelidade

 

A consideração que desfrutavas, subitamente desapareceu e passaste a engrossar as fileiras dos que padecem difamações, entre doestos sibilinos e acusações impiedosas.

As palavras bordadas de melodias que cantavam aos teus ouvidos, agora chegam agressivas, arrasadoras, como trovoada que prenuncia tempestade imediata.

Os sorrisos murcharam em muitos lábios, hoje contraídos em rictos de amargura, quando não de cólera prestes a explodir em fúria destrutiva.

As afeições que insinuavam segurança e as amizades que produziam ruído, sem que possas explicar, se converteram em sombrias ameaças como tiranos soezes, que não ocultam os sentimentos acalentados interiormente.

As mãos da fraternidade sempre distendidas a fim de envolver-te, recolheram-se e cederam lugar a tenazes que poderiam dilacerar-te com inusitada crueza.

A alfândega da cordialidade que trazia as portas abertas para os tesouros da tua alegria, jaz cerrada, e fiscais impenitentes conferem as suas bagagens, comprazendo-se em afligir-te demasiadamente, através de referências odientas quão inconcebíveis.

Estranha amargura domina as ambições e os sonhos do teu espírito, enquanto sombras densas comandam os teus painéis mentais.

Não estranhes o cometimento necessário de dor e o suplemento de agonia que te chegam. Constituem indispensável processo de burilamento que não podes postergar.

Facilidade é sinônimo de amolentamento do caráter.

Cicatriz é ônus que a ferida exige ao organismo para libera-lo.

Teste, avaliação de força e capacidade são medidas aplicáveis para verificação de aprendizagem.

*

Em nenhum momento Jesus prometeu a Terra dos homens aos seguidores da Boa Nova.

Todas as suas doações se referem ao Reino dos Céus, que ora está sendo levantado entre as criaturas, tendo em vista que as suas fundações só a pouco e pouco penetram na rocha dura das almas.

Disse Ele que o "caminho é apertado" e "a porta estreita", reservando àqueles que lhe fossem fiéis o mesmo cálice que sorveu.

Não é, portanto, estranhável, desde que O sigas em regime de fidelidade, que te sintas deslocado, expulso da roda da comodidade pelos salteadores da paz alheia, cultivadores da insensatez, usurpadores dos bens de todos.

Renteando com eles, enquanto não te conheciam e criam na possibilidade de subornar-te a alma sensível, para envileceres a mensagem de que te fazes portador, por coerência, mensageiro do Senhor, utilizavam-se de oferenda mentirosa das aparências para conquistar-te.

Constatando, porém, que o Evangelho é luz, e o Senhor é Rei, ante a impossibilidade de os destruírem, planejam destroçar-te, silenciando-te o verbo, ferindo-te até as entranhas, calcinando tuas horas ou amordaçando-te.

Pigmeus não enfrentam gigantes. Traem-nos ou aliciam outras forças para engendrarem o combate, no qual seriam esmagados, não fossem utilizadas a astúcia e a intriga, que pensam dominar as cidadelas da força nobre por dentro, Invencíveis, todavia, na sua nobre estrutura.

Liga-te, mais, portanto, ao Senhor.

Passaram os enganosos favores que supunhas receber. Também passarão as débeis perseguições que ora experimentas

Içando o Espírito ao Amigo Divino, dar-te-á Ele desconhecida coragem e ignorada resistência, revestindo-te de dúlcida alegria, enquanto perseveres no cumprimento do dever reto, no qual avanças na direção das estrelas.

Se sentires, nessa luta, o cerco de outras forças conjugadas àquelas que pertencem aos teus antigos amigos, hoje transformados em irmãos atormentados, recorda dos Espíritos Infelizes, que se rebolcam além do túmulo em desespero e rebeldia, comprazendo-se em os afligir e os azucrinar - como fuga para a própria desdita -, envolvendo-os na luz da oração, de modo a ajuda-los, conquanto não te compreendam o gesto fraternal nem creiam na honestidade dêle, entregando-os todos ao Excelso Benfeitor em regime de totalidade, a fim de permaneceres em paz.

*

"Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa". Mateus:´capítulo 5º, versículo 11.

*

"Quando vos advenha uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobre ponde-vos a ela, e, quando houverdes conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do desespero, dizei, de vós para convosco, cheio de justa satisfação: "Fui o mais forte". Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo 5º - Item 18 parágrafo 2.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Florações Evangélicas. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Capítulo 22. Salvador, BA: LEAL.

Notas

Há saúde do corpo e saúde da alma. Ambas devem estar juntas.

Deus concede-nos recursos mil, cada dia, para alimentar-nos o espírito com as melhores emoções.

Absorvemos os pensamentos uns dos outros.

Auxilia a produção útil da Natureza e estarás cooperando com a Providência Divina.

Cede ao próximo o pão que sobra em tua mesa e o Senhor te enriquecerá de bom ânimo e alegria.

Atendendo a Deus, a Terra gasta milhões de vidas, cada dia, a fim de sustentar-nos.

Falar mal dos outros, ao invés de ajuda-los, é o mesmo que envolver nossos sentimentos em lama invisível, ao invés de faze-los brilhar.

Os frutos que te deliciam são os resultados do esforço daqueles que passaram no mundo, antes de ti. Prepara a sementeira de agora para os que virão no futuro.

Planta uma árvore amiga e ajudarás aos que te ajudam.

*

Quem lança a boa palavra
De amor e consolação,
Espalha por toda a Terra
Os dons do Divino Pão.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Pai Nosso. Ditado pelo Espírito Meimei. 19 edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB.

Lembra-te do Céu

 

És uma estrela caída
sobre os pauis da Terra...
Acima de todas as coisas transitórias,
Que se desfazem como as neblinas aos beijos leves do Sol,

És alma em ascensão para Deus.

A tua inteligência e o teu sentimento São fulcros de luz imperecível,
Que constituem os atributos maravilhosos da tua imortalidade.

Por que te abates e desanimas
sob os aguilhões da carne perecível?

Contempla o Alto,
Se a fraqueza te envolve em seus tentáculos.
E sentirás uma carícia branda,
Misteriosa, doce, suave,
Que promana
Do empíreo constelado
Para todas as almas que oram,
Que sonham e choram,
Buscando Deus,

– A bússola das suas mais caras esperanças!

Quando sofreres,
Busca aspirar esse aroma divino
E tua alma sofredora
Sentir-se-á envolta na beleza,
No eflúvio peregrino
Que mana fartamente
Dos espaços imensos!...
Na amargura e na dor,
Lembra esse dia que te espera
Na indefinível primavera
Gloriosa de amor.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Parnaso de Além-Túmulo. Ditado pelo Espírito Marta. Capítulo 47.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Comércio e Intercâmbio

 

O Comércio é também uma escola de fraternidade.

Realmente, carecemos da atenção do vendedor, mas o vendedor espera de nós a mesma atitude.

Diante de balconistas fatigados ou irritadiços, reflitamos nas provações que, indubitavelmente, os constrange nas retaguardas da família ou do lar, sem negar-lhes consideração e carinho.

A pessoa que se revela mal-humorada, em seus contatos públicos, provavelmente carrega um fardo pesado de inquietação e doença.

Abrir caminho, à força de encontrões, não é só deselegância, mas igualmente lastimável descortesia.

Dar passagem aos outros, em primeiro lugar, seja no elevador ou no coletivo, é uma forma de expressar entendimento e bondade humana.

Aprender a pedir um favor aos que trabalham em repartições, armazéns, lojas ou bares, é obrigação.

Evitar anedotário chulo ou depreciativo, reconhecendo- se que as palavras criam imagens e as imagens patrocinam ações.

Zombaria ou irritação complicam situações sem resolver os problemas.

Quando se sinta no dever de reclamar, não faça de seu verbo instrumento de agressão.

O erro ou o engano dos outros talvez fossem nossos se estivéssemos nas circunstâncias dos outros.

Afabilidade é caridade no trato pessoal.

Xavier, Francisco Candido. Da obra: Sinal Verde. Ditado pelo Espírito André Luiz. 42 edição. Uberaba, MG: CEC.

Além da Morte

 

O reino da vida, além da morte, não é domicílio do milagre. Passa o corpo, em trânsito pra a natureza inferior que lhe atrai os componentes, entretanto, a alma continua na posição evolutiva em que se encontra.

Cada inteligência apenas consegue alcançar a periferia do círculo de valores e imagens dos quais se faz o centro gerador.

Ninguém pode viver em situação que ainda não concebe.

Dentro da nossa capacidade de autoprojeção, erguem-se os nossos limites.

Em suma, cada ser apenas atinge a vida, até onde possa chegar a onda do pensamento que lhe é próprio.

A mente primitivista de um mono, transposto o limiar da morte, continua presa aos interesses da furna que lhe consolidou os hábitos instintivos.

O índio desencarnado dificilmente ultrapassa o âmbito da floresta que lhe acariciou a existência.

Assim também, na vastíssima fauna social das nações, cada criatura dita civilizada, além do sepulcro, circunscreve-se ao círculo das concepções que, mentalmente, pode abranger.

A residência da alma permanece situada no manancial de seu próprios pensamentos.

Estamos naturalmente ligados às nossas criações.

Demoramo-nos onde supomos o centro de nossos interesses.

Facilmente explicável, assim, a continuidade dos nossos hábitos e tendências, além da morte.

A escravidão ou a liberdade residem no imo de nosso próprio ser.

Corre a fonte, sob a emanação de vapores da sua própria corrente.

Vive a árvore rodeada pelos fluidos sutis que ela mesma exterioriza, através das folhas e das resinas que lhe pendem dos galhos e do tronco.

Permanece o charco debaixo da atmosfera pestilencial que ele mesmo alimenta, e brilha o jardim, sob as vagas do perfume que produz.

Assim também a Terra, com o seu corpo ciclópico, arrasta consigo, na infinita paisagem cósmica, o ambiente espiritual de seus filhos.

Atravessado o grande umbral do túmulo, o homem deseducado prossegue reclamando aprimoramento.

A criatura viciada continua exigindo satisfação aos apetites baixos.

O cérebro desvairado, entre indagações descabidas, não foge, de imediato, ao poço de obscuridades em que se submergiu.

E a alma de boa-vontade encontra mil recursos para adiantar-se na senda evolutiva, amparando o próximo e descobrindo na felicidade dos outros a própria felicidade.

Em razão das leis que nos governam a vida, nem sempre o mensageiro que regressa do país da morte procede de planos superiores e nem a mediunidade será sinônimo de sublimação.

Determinadas inteligências desencarnadas se comunicam com determinados instrumentos mediúnicos.

Os habitantes de outras esferas buscam no mundo aqueles com os quais simpatizam e a mente encarnada aceita a visita das entidades com as quais se afina.

A necessidade do Evangelho, portanto, como estatuto de edificação moral dos fenômenos espíritas, é impositivo inadiável. Com a Boa Nova, no mundo abençoado e fértil da nossa Doutrina de luz e amor, possuímos a estrada rela para a nossa romagem de elevação.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Roteiro. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

Aviso Calmante

 

O trabalho eficiente deve ser planejado, mas não olvide que as circunstâncias procedem da vida superior.

O tempo é um rio de surpresas.

Use o apoio da bondade e a bateia da tolerância para colher o ouro da Providência Divina no cascalho dos fatos desagradáveis.

A conversa fastidiosa talvez seja o veiculo da valiosa indicação.

A visita que não se espera provavelmente traga uma bênção.

O obstáculo com que não se contava, em muitas ocasiões, traduz o amparo da Espiritualidade Maior, antes que certa dificuldade apareça.

O aborrecimento de um minuto pode ser a pausa de aviso salvador.

A enfermidade súbita, quase sempre, é o processo de que se utiliza o Plano Superior para se impedir uma queda espetacular.

Atenda ao seu programa de ação, conforme os seus encargos, mas não se esqueça da paciência na trilha das suas horas.

Cada um de nós é chamado para a execução de tarefa determinada, mas a habilitação para isso vem de Deus.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Buscas e Acharás. Ditado pelo Espírito André Luiz. IDEAL.

Examinando a Serenidade

 

Em face das dificuldades inadiáveis que surgem e ressurgem, senda afora por onde avanças, reveste-te de serenidade para prosseguir.

Surpreendido pelas contingências afligentes que chegam a cada instante ao país do teu coração, envolve-te na serenidade para discernir.

Diante das informações malsãs que te são endereçadas com o sal da impiedade ou a pimenta do despeito, examina a serenidade para acertar.

Conquanto inquietudes te assaltem produzindo sulcos de dor e agonia na tua alma, não te situes a distância da serenidade, para atingir o êxito que te propões, na tarefa do equilíbrio.

Serenidade é também medida que resulta de uma atitude reflexiva!

A serenidade não é uma posição estática que transcorre entre dias parados e atitudes indefinidas em volta da tua existência.

O rio singelo, que passa modulando entre seixos e pedregulhos, eriçando pequeninas ondas e espraiando-as pelas margens, transmite agradável sensação de serenidade sobre o leito conquistado.

Serenidade é atitude rítmica de ação que não atinge altissonâncias nem reflui em pianíssimos que logo desaparecem. A serenidade resulta de uma vida metódica, postulada nas ações dinâmicas do bem e na austera disciplina da vontade.

O espírito pacificado pode ser comparado ao solo que foi trabalhado demoradamente, arrancando escalracho e urze, drenando cursos violentos d'águas e semeando, em derredor, sebes protetoras para que as plantas do seminário novo possam desenvolver-se com harmonia em direção do alto.

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Diante da turbamulta que rogava, esfomeada, pães e peixes, Jesus, imperturbável, examinou as possibilidades de que dispunha no momento e multiplicou o repasto...

Surpreendido em colóquio afetivo com os párias encontrados na sua rota se manteve tranqüilo, sem anuir às acusações indébitas de que Ele tratava com gente de má vida e sem jactar-se de ser o salvador dos infelizes...

Exaltado pelo entusiasmo transitório dos que Lhe receberam o carinho salutar, conservou-se sereno, na direção do bem sem limite de que se fizera o instrumento excelente do Pai...

Aclamado pelo delírio popular na entrada de Jerusalém, refletiu, no semblante contristado, a dor que o aguardava após o torvelinho da exaltação da massa em desassossego.

Inquirido pelos condutores de varapaus, após o beijo de Judas, se era Ele o buscado, não titubeou em assentir, afirmando: - "Eu o sou".

Experimentando as mais cruas acusações sem uma palavra de defesa, na mais dura soledade, sem uma só exigência, Jesus deu o testemunho mais pesado através da agonia pelo amor, e, sem qualquer constrangimento, se manteve em serenidade admirável, para ensinar que a dinâmica da vitória sobre si mesmo é resultante do auto-descobrimento e da aplicação das próprias forças no exercício do perdão incondicional a situações, pessoas e coisas da rota evolutiva.

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Em qualquer situação em que te vejas colocado impostergàvelmente, considera a serenidade dinâmica que produz equilíbrio e que resulta da ponderação demorada, para agires com acerto e atingires o ápice da tua integração no apostolado do amor verdadeiro.

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"Vai-te em paz". Lucas: capítulo 7º, versículo 50.

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"Aquele, pois, que muito sofre deve reconhecer que muito tinha a expiar e deve regozijar-se à idéia da sua próxima cura. Dele depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá de recomeçar". Evangelho Segundo Espiritismo. Capítulo 5º - Item 10.

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Florações Evangélicas. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis. Capítulo 19. Salvador, BA: LEAL.

Qualidades da Prece

 

Quando orardes, não vos assemelheis aos hipócritas, que,  oram de pé nas sinagogas e nos cantos das ruas para serem vistos pelos homens. - Digo-vos, em verdade, que eles já receberam sua recompensa. - Quando quiserdes orar, entrai para o vosso quarto e, fechada a porta, orai a vosso Pai em secreto; e vosso Pai, que vê o que se passa em secreto, vos dará a recompensa. Não cuideis de pedir muito nas vossas preces, como fazem os pagãos, os quais imaginam que pela multiplicidade das palavras é que serão atendidos. Não vos torneis semelhantes a eles, porque vosso Pai sabe do que é que tendes necessidade, antes que lho peçais. (S. MATEUS, cap. VI, vv., 5 a 8.)

Quando vos aprestardes para orar, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, a fim de que vosso Pai, que está nos céus, também vos perdoe os vossos pecados. - Se não perdoardes, vosso Pai, que está nos céus, também não vos perdoará os pecados. (S. MARCOS, cap. XI, vv. 25 e 26.)

Também disse esta parábola a alguns que punham a sua confiança em si mesmos, como sendo justos, e desprezavam os outros:

Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu, publicano o outro.

- O fariseu, conservando-se de pé, orava assim, consigo mesmo: Meu Deus, rendo-vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem mesmo como esse publicano. Jejuo duas vezes na semana; dou o dízimo de tudo o que possuo.

O publicano, ao contrário, conservando-se afastado, não ousava, sequer, erguer os olhos ao céu; mas, batia no peito, dizendo: Meu Deus, tem piedade de mim, que sou um pecador.

Declaro-vos que este voltou para a sua casa, justificado, e o outro não; porquanto, aquele que se eleva será rebaixado e aquele que se humilha será elevado. (S. LUCAS, cap. XVIII, vv. 9 a 14.)

Jesus definiu claramente as qualidades da prece. Quando orardes, diz ele, não vos ponhais em evidência; antes, orai em secreto. Não afeteis orar muito, pois não é pela multiplicidade das palavras que sereis escutados, mas pela sinceridade delas. Antes de orardes, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, visto que a prece não pode ser agradável a Deus, se não parte de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade. Orai, enfim, com humildade, como o publicano, e não com orgulho, como o fariseu. Examinai os vossos defeitos, não as vossas qualidades e, se vos comparardes aos outros, procurai o que há em vós de mau. (Cap. X, n.7 e n.8.)

Allan Kardec. Da obra: O Evangelho Segundo o Espiritismo. 112 edição. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br. Federação Espírita Brasileira.

Vê Como Vives

 

"E chamando dez servos seus,
deu-lhes dez minas e disse-lhes:
negociai até que eu venha."
- Jesus. (LUCAS, 19:13.)

Com a precisa madureza do raciocínio, compreenderá o homem que toda a sua existência é um grande conjunto de negócios espirituais e que a vida, em si, não passa de ato religioso permanente, com vistas aos deveres divinos que nos prendem a Deus.

Por enquanto, o mundo apenas exige testemunhos de fé das pessoas indicadas por detentoras de mandato essencialmente religioso.

Os católicos romanos rodeiam de exigências os sacerdotes, desvirtuando-lhes o apostolado. Os protestantes, na maioria, atribuem aos ministros evangélicos as obrigações mais completas do culto. Os espiritistas reclamam de doutrinadores e médiuns as supremas demonstrações de caridade e pureza, como se a luz e a verdade da Nova Revelação pudessem constituir exclusivo patrimônio de alguns cérebros falíveis.

Urge considerar, porém, que o testemunho cristão, no campo transitório da luta humana, é dever de todos os homens, indistintamente.

Cada criatura foi chamada pela Providência a determinado setor de trabalhos espirituais na Terra.

O comerciante está em negócios de suprimento e de fraternidade.

O administrador permanece em negócios de orientação, distribuição e responsabilidade.

O servidor foi trazido a negócios de obediência e edificação.

As mães e os pais terrestres foram convocados a negócios de renúncia, exemplificação e devotamento.

O carpinteiro está fabricando colunas para o templo vivo do lar.

O cientista vive fornecendo equações de progresso que melhorem o bem-estar do mundo.

O cozinheiro trabalha para alimentar o operário e o sábio.

Todos os homens vivem na Obra de Deus, valendo-se dela para alcançarem, um dia, a grandeza divina. Usufrutuários de patrimônios que pertencem ao Pai, encontram-se no campo das oportunidades presentes, negociando com os valores do Senhor.

Em razão desta verdade, meu amigo, vê o que fazes e não te esqueças de subordinar teus desejos a Deus, nos negócios que por algum tempo te forem confiados no mundo.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Vinha de Luz. Ditado pelo Espírito Emmanuel. Lição 2. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br. Rio de Janeiro, RJ: FEB.